Tudo o que o Atum patudo do Atlântico (Thunnus obesus) faz, fá-lo depressa. Estes atuns atingem a maturidade sexual em apenas dois a três anos e, nesse espaço de tempo, crescem de um tamanho suficientemente pequeno para passarem pelo buraco de uma agulha até um peso superior a 180 kg. São predadores formidáveis, capazes de ultrapassar, apanhar e comer praticamente qualquer coisa que consigam meter na boca. Contudo, o seu tamanho considerável faz deles alvos preferenciais das frotas de pesca de atum em todo o mundo.
A pesca de patudo do Atlântico vale milhões de euros por ano para os pescadores e cerca de 700 milhões de euros por ano no ponto de venda final. O patudo sustenta uma das pescarias mais valiosas no oceano Atlântico, alimentando não só o significativo mercado do atum enlatado, mas também a procura de atum fresco de alta qualidade. No entanto, anos de sobrepesca, o declínio recente da população e práticas de pesca arriscadas ameaçam a viabilidade e a rentabilidade a longo prazo das pescarias de patudo. As boas notícias para o patudo e para o sector são que a recuperação pode ser relativamente rápida, em grande medida devido a este atum crescer tão depressa.
Há dois anos, uma análise de desempenho independente realizada para a Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (CICTA) — o organismo intergovernamental que supervisiona a gestão do patudo — apelou para que a CICTA fizesse da sua recuperação uma «prioridade de gestão chave e imediata»2 A análise apontou fragilidades na gestão do patudo e recomendou que a quota «fosse mais reduzida para aumentar a probabilidade de recuperação num período mais curto». Paolo Oliveira/Alamy
No entanto, a CICTA não seguiu os pareceres do painel e não adotou as reduções de quota necessárias para dar a esta unidade populacional mais do que uma possibilidade incerta de recuperação. Esta abordagem remete para a controversa gestão do atum rabilo pela CICTA nas últimas décadas. A Comissão não estabeleceu quotas para o rabilo em conformidade com os pareceres científicos até 2009, depois de uma análise de desempenho independente ter considerado a CICTA uma «desgraça internacional».3 Nessa altura, a reputação da CICTA estava manchada e os pescadores enfrentavam uma potencial proibição internacional da comercialização de rabilo do Atlântico.
Este ano, os gestores das pescas têm de decidir se pretendem ir pelo mesmo caminho com o patudo do Atlântico ou se vão honrar o seu compromisso para com uma gestão precaucionária e baseada na ciência.